terça-feira, 31 de março de 2015

Dualidades

Não sei mais quem ou o que sou... toda eu sou um turbilhão de crenças e descrença, desconfiança mas vontade de acreditar, medo, dor, pedidos mudos de socorro...
A cada queda metafórica nisto a que todos chamam vida, custa-me mais e mais a erguer, custa-me mais a sair do meu cantinho no escuro e encarar o sol que sorri lá fora como se fizesse troça de mim, a encarar as pessoas que quais formigas atarefadas passam por mim e seguem caminho enquanto perguntam "tudo bem?", sem quererem realmente saber a resposta...
A verdade é que já não consigo acreditar em nada... Sinto-me completamente perdida...
Dou por mim a pensar em coisas que supostamente já deviam estar ultrapassadas, esquecidas... coisas que me magoam e ferem, fazem-me ter medo...
já não me quero entregar a relações de qualquer tipo, já não quero conhecer o desconhecido, já não quero aceitar o ovo pois até o que não conheço vai me magoar e abandonar...
Sinto-me um monstro ao me deparar com sentimentos negros que eu não sabia poder sentir, um aliene por preferir o descanso suave da morte que o frenesim incomodativo da vida...
Não consigo viver, não consigo respirar, confiar, apreciar...
É como se estivesse numa gruta sombria de onde quero sair desensofridamente, mas onde acabo por ficar e voltar por me assustar com o que acontece fora dela...
Vivo na constante angustia do querer e não querer, da necessidade de viver, viver realmente e não ter força para reagir...
Acho que não aguentarei por muito tempo... Não quero aguentar muito tempo... Por outro lado, este isolamento que me acaricia, dá-me a sensação de protecção que todos me roubaram... protege-me do desespero da perda, da falta de carinho, do sentir que não posso ser amada... Protege-me da desilusão, da mentira, do escuro que me torva a visão... Protege-me do abandono, da magoa... 
Não me sinto capaz de sentir emoções positivas... Não me sinto capaz de merecer amor ou amizade de alguém pois sei que em determinada altura vou assustar-me e transformar-me num pesadelo, um pesadelo de duvidas, carência, ciumes... sei que vou ser rude e tentar magoar as pessoas para que elas sinto uma ínfima parte da dor que se alojou na minha alma... No entanto quero, quero fortemente ser capaz de sentir, capaz de amar, de merecer que me amem...
Antes sabia o que queria, sabia me definir...hoje, apenas sei que quero tudo o que não quero... 

domingo, 15 de dezembro de 2013

Como achas que me sinto...?

                                                                                 Não sei já  o  que fazer contigo!!!
Não posso mais pensar em tudo isto, em todos os momentos óptimos, em todas as tuas crises... Não tens a mínima noção, nem o mínimo interesse em te-la, de como fico triste, em como me doí a alma e o peito com as tuas atitudes...
Ora estás bem e és a pessoa mais meiga do mundo, atenciosa, carinhosa do planeta terra, como poucas horas depois ignoras, desprezas, demonstras o teu descaso, desrespeito e até um pouco de ingratidão... por vezes chego a julgar que mentes, que trapaceias e brincas com o que sinto e o que já vivemos com um sorriso sádico nos lábios pelo simples prazer de me ver correr atrás, me preocupar, me deixar sem norte, sem chão...
Mais uma vez olhei para a imagem que tenho de ti e voltei a desejar acabar com tudo, mais uma vez me massacrei com esse pensamento, mutilei o meu interior e a minha verdade...
Sei que não valorizas minimamente o facto de gostar de ti, mas também já não importa...
Usas e abusas deste sentimento que nutro para teu belo prazer, menospreza-lo com o desdém de quem  desdenha da comida que gratuitamente lhe servem...
Estou cansada sabes, farta de me sentir o rato que tão habilmente caças vezes e vezes sem conta, cansada de "não podes por porque vão ver", "não podes falar porque vão ler ou ouvir", em suma, "não podes existir"...
Já alguma vez te passou pela mente a imensidão do que sinto? o que despertas em mim?
Alguma vez paras-te para pensar no que faria para ter um terço do que te dou...???  do carinho, da amizade, da importância... do sentimento, da atenção...
Como achas que me sinto ao viver na sombra? Como achas que me vejo por aceitar isto? Como achas que olho para casais de namorados a passear na rua, sabendo que contigo só terei um canto distante onde ninguém que nos conheça nos possa ver...?
Como achas que me sinto quando passas horas sem dar noticias e eu preocupada a saber se estás bem ou mal? Honestamente, acho que preferia que dissesses "olha estou com outra pessoa, não dá para falarmos", ou "não me apetece falar contigo" , sei lá... As vezes preferia voltar atrás no tempo, outras preferia que nunca tivesses mudado de vida...
Como achas que me sinto ao gostar de ti e tu... tu simplesmente passas momentos...?
Como achas que me sinto, estando irremediavelmente apaixonada por ti e tu... tu simplesmente me vês como aquela amiga com benefícios...
Como achas que de facto me sinto com este jogo de rato e gato que há tanto tempo dura?
Como achas que me sinto?

sábado, 14 de dezembro de 2013

Rasgo de felicidade

    Eu disse que voltaria para ti, para os teus braços... É sempre assim!
    É sempre assim que termina uma conversa, uma birra, uma desavença entre nós... Gostar de ti é o meu veneno, mas ao mesmo tempo sinto que preciso desse veneno para sorrir... És cada vez mais a minha droga, o meu vicio...
    Na quinta pensei mesmo em te entregar o que tinha em meu poder e ir embora, pensei mesmo em não voltar a cair na tentação, na tua teia... Estava tão cansada de ser a ultima coisa, pessoa, afazer, da tua imensa vida ocupada...
    Quis o destino, se de facto ele existe, que nos cruzássemos novamente num momento constrangedor... que nos cruzássemos e tivéssemos q olhar para o lado, tivéssemos que disfarçar... afff, disfarçar!! era disso que também estava cansada!~
     Depois falamos, voei novamente para os teus braços, para o teu beijo, para o teu toque... e que toque... esse toque que me deixa embriagada, que me deixa extasiada, completamente fora de mim...
     Olhei o teu sorriso, senti o teu cheiro, a tua pele... e num ápice, o que era para ser uma troca de objecto/dinheiro, transformou-se nas melhores 24 horas dos últimos cinco meses... oh meu Deus... Só de pensar arrepio-me da cabeça aos pés... e mais pele tivesse que ficaria também ela arrepiada...
     Por momentos, largos momentos, tudo foi perfeito, harmonioso, inigualável...
     Nem queria acreditar quando disse vir embora e tu ficaste espantado, perguntaste se já ia... enfim, algo que não estava a espera vindo de ti...
     Depois disso foi tudo fantástico.... Ainda não tenho palavras... ainda não desci a terra...
     Tudo foi fantástico, tudo foi especial... cada toque, cada palavra, cada sensação...
      Acordar ao teu lado foi... sei lá... foi bombástico... parece que era a primeira vez... olhar e ver-te a dormir, ter cuidado ao tocar o teu rosto para não te acordar... foi divinal...
      Quando fomos almoçar, honestamente, pensei que o dia acabaria ali... mas não... tens a noção do quão fantástico foi ver o mar contigo? sentir aquele cheiro misturado no nosso beijo...~
       Foi fantástico, acho que ainda não inventaram palavras para descrever o que senti desde quinta... 
       Foi todo um rasgo da felicidade que, hipoteticamente, se deixasses, poderíamos viver, o demonstrar, mais uma vez, a forma perfeita como ligamos, como podemos completar-nos...
       Foi, talvez, uma mera ilusão, foi uma visão fabulástica do que poderíamos ser e viver... mas ainda que ilusória foi simplesmente magnifica...
       Possivelmente, o dia 13 de Dezembro, o dia em que completámos cinco meses de loucura, de paixões não correspondidas, de zangas e reconciliações, foi o mais belo e especial rasgo de felicidade que já tive...

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Cansada!

 

Cansada! sim cansada! cansada de sãos e nims... cansada de "depois combinamos", "hoje não dá" ou de eternos silêncios, cansada do "somos amigos", cansada dos "ah!não, não temos nada"...

cansada dos outros, cansada de mim... as vezes chego ao extremo de estar cansada de ti!

Cansada de "já falamos" ou do "depois mando mensagem", cansada do diz que diz e do julga sem conhecer.

Hoje acordei cansada... Hoje, ao cair da noite e ao nascer da madrugada, cinco meses terão passado desde o dia em que perdi o meu norte para tão perdidamente encontrar o meu horizonte, ou talvez seja mesmo o meu "desnorte" sei lá... Cansei de nunca saber como será o meu amanhã, cansei de nunca saber se estamos bem, se estamos mal ou sequer se estamos...

Exausta de ser a sombra, o erro, a pedra no sapato... estou a cobrar? sim, talvez esteja... talvez cinco meses depois já me sinta no mínimo direito de cobrar um pouco de respeito, de compreensão...

Talvez de vez em vez me sinta cansada de mendigar carinho e atenção, me sinta exausta de ser apenas a boneca simpática, amorosa, carinhosa, meiga e compreensiva, talvez também eu tenha direito a explodir de quando em vez, de sentir raiva, dor... talvez a boneca também chore, também sofra... e se chora... sozinha, perdida, vazia, chora por horas e horas a dor e a cobardia de não conseguir libertar-se de um amor que aos poucos vai a destruir, que a vai matando lentamente, não por senti-lo mas por não se retribuído.

Ah, fodam-se os "talvez", os "ses", os "porquês"... danem-se os sorrisos e palavras carinhosas quando em troca apenas se recebe criticas, vazios, silêncios, troças...

Cansei de estar a espera, de ser o porto de abrigo de um barco que não quer nem vai atracar...

Cansei de estar cansada, cansei sobretudo de praguejar, de chegar ao limite e voltar... de fechar a porta e não partir...

Cansei de escrever, escrever o desabafo desta alma perdida e saber que logo, logo é nos teus braços que caio e me perco, que é os teus olhos que vejo e volto novamente a estaca zero, a não querer ficar mas não querer partir... Logo, vou olhar para ti e nada mais fará sentido... logo saberei, que mesmo que tu nada sintas, eu vou lá estar a sentir por ambos, vou lá estar a te abraçar, para te sentir, para te acarinhar...

N
o fundo, é de mim que me canso...

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A verdade da minha mentira

Por mais que eu negue, por mais que eu fuja, a verdade antes demais é que gosto de ti... Não, errado!, a verdade é que me apaixonei por ti...
Desde aquele olhar, fugaz, rápido... aquele sorriso, aquele piscar de olhos... 
Nunca antes havia reparado em ti, nunca antes te havia visto como de facto te vi naquela tarde...
Para falar a verdade, nem foi bem ali que tudo aconteceu, mas talvez tenha sido naquele momento que fiquei irremediavelmente presa... "presa"... irónico não é???
milhentas vezes já vira a tua cara antes, mas nunca tinha sentido vontade de dizer um "olá" como naquele primeiro dia de Julho tive...Talvez antes de eu ver, antes de eu saber, já o meu coração tivesse a olhar pelo canto do olho para ti... talvez, sei lá...
Quando começámos a falar, é como se toda a minha existência tivesse sido monótona, pois aqueles momentos em que trocávamos mensagens frenéticas, mensagens de desabafo, de provocação, de disputa; mensagens de sedução, de verdades em tons de brincadeira, naqueles momentos sentia-me num mundo a parte, em que tudo fazia sentido e nada o fazia na realidade...
demoramos onze dias, onze dias de conversa ininterrupta, onze dias de insónias, conversas tardias, picardias saudáveis, onze dias de sorrisos nervosos, olhares fugazes, negação do obvio... Ambos no fundo sabíamos, ambos no fundo o negámos... Onze dias até sentir o toque, o beijo, o calor... Lembraste? Apesar de já ter bebido mais que a conta, consigo lembrar-me tão bem do primeiro beijo, da primeira conversa... 
Ias para casa... alias, estavas já a chegar a casa, depois de uma noite de copos com amigos... estavas quase lá e mesmo assim voltaste tudo atrás, vieste respondendo assim de forma inesperada a uma provocação... e a partir dai perdi o controlo do coração... 
Eu sei... eu sei que muitas vezes neguei estar apaixonada... mas a verdade é que eu estava em negação... Não podia apaixonar-me por ti... não por ti...
Mas a verdade é que apaixonei-me perdidamente... E confesso que até determinada altura acreditei que também o tivesses feito... Pura ilusão.
Entretanto começamos a encontrarmo-nos... e não era mais eu... baixei armas e mostrei como sou, alias, mostrei todas as minhas facetas... descobri então que o meu coração batia e batia tão forte quando ia ter contigo... Se queres saber, ainda hoje bate...
O tempo passou, e sem darmos conta já havia passado um mês... depois dois... três... As discussões vieram, as duvidas, algumas certezas também... vieram as mudanças, e mais duvidas... vieram as tentativas de pôr fim a algo que, como tu tão bem descreveste, "está condenado à nascença"...
E passaram quatro meses... Cinco... Cinco meses... e tanta coisa aconteceu... Dêmos tantos passos em frente... e tantos outros para trás... as duvidas aumentaram mas também aumentaram as minhas certezas, as minhas tentativas, as minhas batalhas, as minhas derrotas, as minhas cobardias...
Hoje, passados quase completamente cinco meses, olho a minha volta e muitas vezes tenho vontade de chorar... tantas outras de sorrir...
Fizeste-me tão bem.... muitas vezes, eu sei, pensas que não... Mas tal como tu dizes, se sempre volto é porque algo forte me faz voltar...
Mas no meio de tudo gostava tanto, mas tanto que soubesses o que sinto... e o que sinto é uma tremenda duvida, a duvida do que sentes, do que queres de mim, de se vale ou não a pena lutar até ou fim ou se simplesmente devo abandonar o campo de batalha antes de ficar ferida de morte... Eu gosto de ti... Gosto muito... Entristece-me pensar que contigo nunca haverá um nós, que nunca passearemos sem estarmos a olhar a volta a procura de pessoas conhecidas que possam perguntar, entristece-me saber que nunca podemos ir sair, divertirmos-nos... entristece-me não podermos agir normalmente, entristece-me passar a vida a negar o óbvio quando a minha maior vontade é gritar ao mundo o quanto gosto de ti... Mas tu não sentes o mesmo, tenho a plena consciência que este sentimento é platónico, não correspondido, vazio da tua parte... tenho a perfeita consciência que nunca serei a tua namorada... "namorada", engraçado como ganhei aversão a esta palavra...
Tenho a perfeita consciência que, hipoteticamente, quando estou a angustiar, a ressacar a tua atenção, quando me doí o facto de ignorares a minha existência e me tratas com indiferença, quando tudo e mais importante para ti e eu nem uma mensagem recebo, quando tudo tem um lugar na tua vida menos eu, tenho a perfeita consciência que, repito, hipoteticamente, poderás estar com outras pessoas, pessoas que não te fazem cobranças, que não questionam, que não pensem demais...
Tenho a perfeita consciência que muitas vezes atinges um grau de saturação perigosa e que a qualquer momento me darás o golpe mortal... mas por algum motivo nunca o fizeste... mas nunca o evitaste...
Não tens a noção de quantas vezes já chorei, de quantas vezes já escrevi mensagens e apaguei, quantas vezes eu decidi não mais te ver e vacilei...
Se soubesses o quão forte o meu coração bate só de pensar em ti, em tudo o que já aconteceu... se soubesses o quão ansiosa fico antes de ouvir a tua voz... o quão nervosa fico antes de te ver...
a verdade é que de facto eu gosto de ti, demasiado... e sei que não é correspondido... mas gosto de ti e esse é o preço que pago...
Gosto de ti, e és tu e eu a verdade desta minha mentira...

sábado, 26 de outubro de 2013

alma fria

Não sei já onde faz mais frio, se na rua onde chove, onde troveja e o vento sopra com a força demolidora que sabe ter, ou dentro de mim, nesta alma sombria e vazia de sentir e existir...
Este medo irracional do amanha e do hoje, este medo do ontem, do que foi e do que esta para vir, bloqueia em minhas veias o sangue que de tão congelado já nem corre...
Sinto-me um navio a naufragar, uma calote que derrete e leva nas águas de um rio imenso toda a historia de sua existência...
Nada me faz tremer de emoção, nada me faz vibrar ou o meu ser aquecer.
Sinto vontade de chorar, mas as lágrimas não correm, talvez por terem em si o peso da angustia que me sufoca, ou talvez por carregarem a dor indefinida de uma existência sem sentimento, sem sabor, sem cor...
Facas invisíveis trespassam o meu corpo e fazem-me sangrar interiormente, um sangue negro de amargura, negro por falta de ilusão...
Cansei de ser forte, cansei de ser a rocha que tudo suporta, cansei de ser a maré com a força que tudo destroi... talvez eu queira também ser a flor sensível e que merece ser protegida, talvez eu queira mimos e carinho... cansei de sorrir quando na verdade a vontade e desfazer-me em lágrimas...
Sinto a solidão a sufocar, a falta de um amor a alastrar e transformar em mágoa, em dor, em tristeza esmagadora.
Já não sei quem sou, já não sei o que sinto, já não sei para onde vou...
já não sei onde faz mais frio, se na rua, se no meu ser...

domingo, 6 de outubro de 2013

Fracasso




Sinto-me a secar por dentro... olho para o mundo a minha volta e onde quer que esteja vejo pequenos rasgos do que eu gostaria que fosse o meu futuro.
estou simplesmente desiludida comigo mesma, perdida na procura do meu ser, desorientada nesta busca de algo que talvez não exista mesmo...
As pessoas olham para mim e vêem um ser que de facto não existem, magoa-me pensar que pessoas de quem eu gosto pensem que sou uma "vadia", uma oferecida... magoa-me que pensem que sou uma galdéria barata sem sentimentos ou conteúdo... magoa-me saber que essa é a ideia que a pessoa por quem o meu coração bate tem a meu respeito...
Nunca vou ser uma princesa, nunca vou ser a menina inocente e vulnerável, vou sempre estar na defensiva com armas em punho para sobreviver, nunca vou usar vestidos justinhos nem sabrinas, as minhas calças nunca serão justas e nunca andarei de mala presa no antebraço... jamais usarei bâton excepto quando é mesmo necessário e não me maquilho para dormir...
Sou muitas vezes parecida com homens, gosto de me sentar a vontade, beber cerveja e falar sem restrição, uso ténis e faço musculação... Mas no fundo eu tenho algo cá dentro que não me deixa ignorar os olhares de desdém das princesas, o olhar de troça dos príncipes e o pouco à-vontade que cada vez existe mais fora desta muralha que ergui a minha volta.
Por mais que tente não consigo interagir com um mundo de tantas princesas dengosas e príncipes orgulhosos, não consigo dar a conhecer o meu eu mais profundo pois temo que o mesmo mais uma vez seja usado para me magoar... Como dizer a todos os que me vêem como uma galdéria que na verdade sou a pessoas que quando se entrega se torna num ser meigo, amoroso, preocupado, um ser que troca noites de farra por um filme a dois, um ser que têm um estúpido prazer em cuidar de um lar, da roupa, da harmonia do ninho de amor...? Um ser que apenas quer alguém que não desista, que lute, que me abrace sem eu pedir, que me ame sem eu merecer...
Hoje pela primeira vez encarei a possibilidade de certos desejos meus nunca passarem de desejos e sonhos de alguém que aos 24 anos se sente um fracasso...
Idealizo uma relação onde numa tarde chuvosa estaríamos os dois no sofá a ver um filme ou no chão da sala a jogar playstation, idealizo uma ida as compras em que de mãos dadas escolhemos o almoço... idealizações dolorosas...
Talvez esteja destinada mesmo a um sofá vazio, um copo meio vazio e um gato aos pés a ronronar com uma tranquilidade enervante.
sinto-me triste ao pensar que tudo o que quero para mim não passa de sonhos que se desvanecem como fumo, sinto-me triste ao pensar que tudo em que toco se desfaz... 
Sinto-me a morrer por dentro, sem motivos para sair da cama de manha, o mundo voltou a assustar-me...
Mais uma vez, sinto-me um rato assustado com os falcoes que tanto a minha volta voam cheios de gloria e vidas cheias e realizadas... Assusta-me respirar, assusta-me viver...
Para onde quer que olhe, pense no que pense, apenas encontro o fracasso...