sábado, 26 de outubro de 2013

alma fria

Não sei já onde faz mais frio, se na rua onde chove, onde troveja e o vento sopra com a força demolidora que sabe ter, ou dentro de mim, nesta alma sombria e vazia de sentir e existir...
Este medo irracional do amanha e do hoje, este medo do ontem, do que foi e do que esta para vir, bloqueia em minhas veias o sangue que de tão congelado já nem corre...
Sinto-me um navio a naufragar, uma calote que derrete e leva nas águas de um rio imenso toda a historia de sua existência...
Nada me faz tremer de emoção, nada me faz vibrar ou o meu ser aquecer.
Sinto vontade de chorar, mas as lágrimas não correm, talvez por terem em si o peso da angustia que me sufoca, ou talvez por carregarem a dor indefinida de uma existência sem sentimento, sem sabor, sem cor...
Facas invisíveis trespassam o meu corpo e fazem-me sangrar interiormente, um sangue negro de amargura, negro por falta de ilusão...
Cansei de ser forte, cansei de ser a rocha que tudo suporta, cansei de ser a maré com a força que tudo destroi... talvez eu queira também ser a flor sensível e que merece ser protegida, talvez eu queira mimos e carinho... cansei de sorrir quando na verdade a vontade e desfazer-me em lágrimas...
Sinto a solidão a sufocar, a falta de um amor a alastrar e transformar em mágoa, em dor, em tristeza esmagadora.
Já não sei quem sou, já não sei o que sinto, já não sei para onde vou...
já não sei onde faz mais frio, se na rua, se no meu ser...

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