Damos demasiada importância a tudo o que se passa na nossa vida, guardamos magoas, rancores, fotografias e recordações, guardamos memórias boas e mas, que nos trazem felicidade ou em muitas vezes tortura a nossa existência já torturante.
Contra mim falo, não consigo deitar tudo para trás das costas e seguir em frente, "cagar" literalmente nas situações que já não tem resolução e prosseguir... Na verdade sinto-me constantemente a fugir das situações por não as encarar ou por muitas das vezes não "cagar" simplesmente nelas... (Pela primeira vez na vida utilizo calão no que escrevo, meu Deus, acho que acabo de entrar na decadência)
Magoa-me a ausência do meu pai, sim magoa, mas não tenho coragem para ir e enfrentar a situação e quiçá resolve-la, ou então deitar para trás das costas e seguir em frente no meu tabuleiro de xadrez.
A minha irmã, a mais recente entrada no jogo que só recentemente me dei conta que era a vida (se calhar não é xadrez mas sim futebol, visto que há entradas e substituições),ser puro e inocente, pensei eu anos a fim, que vivia sob o medo e por isso não teria opinião própria, vontade própria... A minha irmã, criança que ajudei a criar, criança que vi crescer e até aos seus oito anos e ajudei a educar, aparece agora no meu imaginário como um estranho ser, como uma miúda snobe... Não acredito que se tenha tornado um monstro snobe e interesseiro... Apenas se importa com as aparências, com o que ostenta, com o que transparece, sem no fundo se lembrar que não passa de uma pobre coitada, uma pobre financeiramente e de espirito. Trocou tudo o que lhe ensinei por tudo o que lhe dão, deitou fora tudo... Não temos a relação que sonhei, ela não e a minha protegida e eu não sou a sua confidente... Vomita palavras de amor e saudade nas redes sociais e esquecesse do meu número de telemóvel, da minha morada ou de dizer "olá". Quando esta comigo parece ter dois anos, sentasse a um canto e ali fica, comportasse como se não tivesse saído dos oito anos, aparenta cada vez mais um ser sonso e matreiro... Cada vez mais parecida com a progenitora...!
Uma das minhas amigas (que já entrou tanta vez e saiu dos convocados do mister ressentimento que já merecia uma internacionalização), lembrou-se novamente de entrar em crise existencial, afinal, só o recente namorado a entende e não os amigos de anos, alias, amigos esses que não lhe metem a vista em cima há séculos (falo de mim e de meses claro). Olho agora para ela e pergunto-me como ainda conseguimos ser amigas, mesmo com dívidas e cenas por dizer entre nós... Mas mesmo assim continuamos a tentar, somos persistentes...
A minha prima, quase que cresceu comigo, pensei sempre que era uma enjoadinha mas venho agora a descobrir que não só é enjoada como snobe, interesseira, parcial...não sei a quem sai na realidade, simplesmente acho (ironicamente) fascinante como consegue ver toda a sua família a passar dificuldades e mesmo assim só consegue ver o seu umbigo a frente...
A minha progenitora (com quem não falo desde Outubro de 2006) anda agora muito preocupada com a irmã que anda a passar uma ma fase, liga para a minha avo a perguntar o que faz falta e ate se oferece para ajudar, mas nunca tentou resolver as coisas e ajudar a sua cria primogénita ainda que esta tenha saído de casa sem dar satisfações (para bem da minha sanidade mental senão hoje seria uma psicopata).
No meio disto já não me sinto um peão no meio do jogo de xadrez mas sim o arbitro no jogo Porto x Benfica a ver o jogo a decorrer...
Também vejo coisas positivas, atenção!
O meu Filipe, com quem faço hoje 1 mês de namoro, não para de me convencer que é uma das pessoas mais puras do mundo, por vezes invejo a sua serenidade e modo descontraído como leva as coisas e como "toca a bola" para a frente...
A minha cunhada linda, ser meigo e maravilhoso, com quem na maioria das vezes me identifico bastante, não para de fazer descongelar o lado do meu coração que estava congelado (de repente deixou de ser jogo e passou a ser árctico, esta bonito isto hoje...), o cantinho que estava congelado e reservado para pessoas que eu poderia ver como irmãs ou irmãos... As vezes também a chego a invejar, mas a ela por ter um irmão que a ama tanto e faria tanto por ela... (seja de ressaltar que são invejas saudáveis e que não me cheguei a tornar psicopata em 2006).
A Carla e o André são neste momento as pessoas mais queridas e amorosas que conheci nos últimos tempos, no fundo olho para eles como o pinto olha para o ovo e diz "mano...?"... Nunca pensei encontrar tanta gente que entendesse a minha vida e a minha história, mas eles existem (e não, não são extraterrestres)...
Por vezes olho a minha volta e parece que tudo se move a minha volta, num perfeito caos, ou melhor, num caos, mas um caos com uma enorme perfeição no método como se desenrola a minha volta.
As vezes sinto apenas que estou a ver um filme, outras sinto que estou n o jogo errado, no tabuleiro de outro alguém...
Outras vezes o sarcasmo toma conta de mim e faço piadas, outras a revolta reina e luto com patéticas lagrimas... Mas faço o possível para me manter a jogar e não perder... Para não perder este enorme jogo (de xadrez ou de futebol ou lá p que seja) que é a vida... A vida como Peão num tabuleiro de xadrez.